19 de jun. de 2010

- happy together .

Finalmente tinha chegado aquele dia tão infernal e o último dia da minha vida que esperava presenciar: o casamento de meu pai com sua atual mulher.
Enquanto me olhava no espelho da penteadeira, do salão de beleza, pude notar que estava MUITO bonita. Estava com um vestido tomara-que-caia cor de champagnhe que tinha 1 palmo acima do joelho de comprimento, e como detalhe tinha um laço vermelho abaixo do busto que era "amarrado" nas costas. E um sapato preto básico. Meu cabelo estava solto, e levemene ondulado como se tivesse acabado de acordar, mas um jeito mais classy.
Peguei a minha bolsa e abri a porta. O teatro ia começar.
Meu pai estava me esperando no hall do salão, e iria com ele para a igreja pois não queria descer no mesmo carro que Lúcia, e as noivas sempre tendem a atrasar. Minha irmã e meu irmão "postiços" já estavam dentro do carro quando deixei o salão.
As moças que trabalham lá foram muito gentis falando que eu estava muito bonita, e as mais intimas me falaram que estava até querendo competir com a noiva. A essa altura do campeonato não havia mais competição.
Meu pai, mesmo sendo muito ingênuo às vezes, foi esperto o suficiente pra não me perguntar o que havia de errado comigo. E mesmo se tivesse o feito, não seria mesquinha e egoísta o suficiente pra dizer tudo o que estava em minha cabeça e estragar a noite do casamento dele.
Chegando na igreja, toda a família dele do Rio Grande do Sul estava lá; toda a família dela do interior de São Paulo estava lá. Nossa, como eu me sentia mal perto daquelas pessoas, e de toda aquela falação, e daquelas pessoas felizes com uma coisa que só me trazia más lembranças.
Nisso Helena e Luiza saíram da igreja quando me viram, e vieram ao meu enconto.
- Obrigada por terem vindo meninas, vocês não sabem como seria dificil sem vocês!
- Amigas não são pra isso? - disse Luiza - o Carlos também veio, esta conversando com um tal de João. Acho que é aquele peguete da Infortúnia e eles são primos né. ECA! que nojo!
- E aquele vestido dela? Desculpa, pareçe que ela compro na 25 de março. Eu não quero falar mal dos outros, mas quem tem um corpo acima do peso como ela deve usar coisas mais soltinhas e que dão leveza ao corpo, e não um espartilho que quase espreme as tetas dela pra fora e marca toda a banha que ela tem na cintura. Não faz sentido! - disse Heleninha.
- Não vou em comentar pra não perder o pouco do bom humor que tenho.
Conversamos um pouco e entrei pra comprimentar algumas pessoas, algumas delas clientes do meu pai, e com certeza mereciam meu respeito.
Quando chegou a hora de comprimentar a familia dela, algumas pessoas, tipo a Infortúnia e seu pai, me comprimentaram como se fosse o próprio capeta no corpo de mulher.
E nessas horas, resolvi faze a coisa mais idiota, porém me dar ao capricho de fazer isso: saí da igreja e acendi um cigarro, tirei a garrafinha de metal da minha boca e dei um gole.
Nisso Helena veio atraz de mim "Onde você acha que vai sem a minha presença?" e se juntou a mim, porque com melhor amiga, a gente não precisa falar muito. Nós já sabemos.
Pareciamos duas meninas que ainda estavam terminando a escola, fumando e bebendo escondidas para não sermos pegas em flagrante. Luiza tinha ficado com o namorado dela vendo a igreja, e se não conheçesse ela, acharia maluquisse aquilo. E foi aí que um loirinho com o cabelo meio emo e roupa social apareçeu.
Pela surpresa de apareçer alguém assim tão silenciosamente (ou eu estava mesmo muito distraída) acabei por olhá-lo com espanto, e jogar o cigarro fora e esconder a garrafiha de metal, e tudo isso em menos de um segundo. Foi só quando ele me notou. até eu fazer essas coisas, pois estava no celular, ocupado. Ele me olhou como achando graça no que ele deduzira certo o que aconteceu, e deu uma risadinha e virando de costas. E pra variar, me senti completamente ridicula, tenho 21 anos e tinha me comportado como uma menininha de 15 anos que faz coisas erradas só por ócio da juventude. Acabei por sentar no degrau que tinha lá, acender mas um cigarro e tomar outro gole.
Helena apenas riu e falou:
- Eu achei que ele era um estuprador em potencial, hahaha.
- E eu achei que ele era um espião do meu pai, hahaha.

Quando entrei na igreja reparei que, pra variar, meu pai estava conversando com alguém que tinha acabado de falar que não sabia onde eu estava, e nisso tudo aquele menino loirinho do cabelo emo estava com mais outros três caras e observei que ele era o único que estava observando meu pai perguntar por onde andava, e tinha (de novo) um olhar de graça no que estava acontecendo, e fiquei com medo do que pudese acontecer se meu pai soubesse que estava fazendo duas coisas que ele mais odiava que sua filhinha fizesse: fumar e beber.
Quando ele me viu, abriu um sorriso e fez positivo com o dedão (quem ainda faz isso?) e foi para o altar, com um gesto queria que eu o seguisse. Fui até lá ver o que ele queria e falei pra Helena ir procurar Luiza, que provavelmente teria que fazer aquele social maroto. Era pra mim ficar no altar durante a cerimônia e que isso seria muito importante pra ele, e é obvio que falei 'tudo bem'. Era o casamento do meu pai, não é? Acho que não vou morrer se for maleável pelo menos por uma noite.
- Se alguém tiver algo contra este casamento, fale agora ou se cale para sempre!
Olhei ao redor do salão, esperançosa que alguma alma tivesse consciencia suficiente pra fazer alguma coisa, mas foi em vão. Meu pai e Lúcia me olharam como se esperassem que fosse fazer algo, como sempre fazia, ou fazer uma cena de menina mimada, mas tudo o que fiz foi sorrir com tanta alegria que pareçeu até um pouco falso, mas tudo bem, eles não estavam ligando pra falsidade, desde que isso não atrapalhasse o casamento, e a vida, deles.
Quando o casamento acabou, e todo aquele bla bla bla de "felizes para sempre" também terminou, coloquei meu iPod e num movimento bem irônico coloquei a música "Happy Together" do Flobots. Encontrei as meninas e Carlos (namorado de Luiza) e entramos no Mini Cooper que tinha reservado para buscar-nos e levar até onde aconteceria a festa, e permiti que uma lágrima escorresse do meu rosto. E o tal loirinho emo foi o único que viu, e dessa vez não olhava como se achasse algo engraçado, mas com um certo espanto, e foi ai que eu achei aquilo tudo muito engraçado e dei uma risada estranha o suficiente pra minhas amigas me acharem louca, mas não mais do que o normal.

Saindo do Mini Cooper e chegando no enorme salão onde seria a festa, minha garrafinha de metal já havia acabado, por culpa das meninas (Carlos preferiu não beber) e eu me sentia tão mais feliz que saiu até um sorisso espontâneo, não até ver a minha prima infortúnia chavecando o loirinho do cabelo emo, mas não foi isso que me surpreendeu, foi o fato que eles estavam conversando em inglês e ela estava falando dos 50 dias que passou na Inglaterra e se garbando. Ignore os dois e fui tentar me socializar antes que o efeito do alcool passasse e eu ficasse de mal humor de novo.
Meu pai veio me mostrar a mesa em que ficaria e era a mesma que a dos meus avós, e a minha prima Infortúnia também estaria lá, minhas amigas ficariam em uma outra mesa com os convidados mais intimos do meu pai; e daí tive certeza que precisaria de um pouco mais de alcool pra suportar a noite. Sentei-me na mesa e ouvi meus avós conversando com a a Infortúnia:
- Você viu aquele menino, ele é uma graçinha, né Fernanda?
- É, pois é, ele que veio falar comigo, que eu era uma menina muito bonita e...
Nessa hora, o alcool e o que ela falou se misturaram e soltei aquelas gargalhadas que são tão espontaneas e verdadeiras que acabou ficando feio naquela situação, mas eu nem ligava, e continuava rindo mais e mais.
- Desculpa, é que me lembrei de uma piada sobre... garçons agora e... desculpa. - eu disse.
- Então, como eu estava falando, ele me achou muito bonita e começei a convesar com ele, e ele e a sua banda vão tocar a valsa por isso ele está aqui, e vão tocar algumas músicas tipo Beatles ou algo assim, e ele é da Inglaterra contei da minha estadia maravilhosa lá e como...
Paciencia tem limites, e a minha chegou no fim. Me levantei e fui ao encontro do bar, mas como o bar estava meio longo (tipo, na lateral oposta de onde eu tava sentada) e eu estava meio bêbada, demorou um pouco até eu passar por tanta gente e tantas mesas e cadeias que quando cheguei na metade do caminho, o loirinho me puxou pelo braço e foi me conduzindo aonde estava meu pai e Lúcia.
Logo quando olhei para ele, sabia que aquela era a porra da hora da valsa, e que ele, bom... era o mestre de cerimônias.
A coisa foi bem estupida na verdade. Enquanto meu pai e ela dançavam eu fiquei igual uma retardada ao lado do loirinho de cabelo emo, dai meu santo avô me cutucou pelas costas e me tirou para dançar, e foi a coisa mais linda que alguem podia ter feito.
Dançei com ele e quase chorei, de verdade. Como meu avô era do Sul, era muito rara as vezes em que via ele e mesmo estando tão distantes e com tanto pouco contato, nosso amor nunca mudou. E daí veio meu pai e me tirou (do meu avô) para dançar comigo, e meu avô fez as honras (eu usaria outra palavra ao invés dessa, mas está valendo...) de dançar com Lúcia e fiquei levemente morrendo de ciúmes.
Luiza, que não iria perder a oportunidade de dançar a valsa com seu novo namoradinho, já estava na pista com ele logo que o loirinho emo, também conheçido como o mestre de cerimonias, anunciou que todos poderiam ir dançar. Ela piscou pra mim e fez um coraçaozinho com a mão. Isso já foi o suficiente pra me acalmar.
Depois disso, o DJ colocou o pen drive que tinha lhe dado conforme o nosso combinado, e essa foi a música "ambiente" que tocou durante o jantar. Sinceramente, minha playlist estava muito boa, sem querer me achar, tinha um ótimo gosto musical, às vezes bem diferente do normal, mas continuava sendo bom. Voltei para a mesa, mas não a tempo de Luiza me alcançar e me puxar "o cara loiro com cabelo eminho não tirava os olhos de você, e juro que não era só pra sua bunda". Mandei ela calar a boca e ir comer. E ela entendeu que mesmo sendo estupida, eu tinha gostado de saber aquilo e fiquei MUITO envergonhada.

Voltando para a minha mesa, fiquei feliz ao ver que Infortúnia não estava e sentei tão feliz que isso deve ter afetado a lei que afeta o cosmo, porque só ouvi a minh avó dizer:
- Olha meu bem, eles não fazem um casal bonitinho ?
E quando olhei minha prima estava dançando valsa com o tal loirinho e tipo... a valsa já havia acabado e a música também. E logo depois ela voltou se garbando, como sempre, que ele fez juz aos ingleses sendo tão legal de ter ensinado ela a dançar valsa. Não se fala uma coisa dessas na hora da refeição, eu posso regurgitar a comida em cima do vestido de quem disse.
Depois que a janta terminou e todo mundo já estava servido, e por uma incrível coincidencia fui sair pra fumar na mesma hora que a banda começou a tocar.
Era uma música linda, só um dos meninos estava cantando, era uma versão acustica de alguma musica da banda, mas era tão doce e delicada que quase desisti de ir fumar, eu disse QUASE.
Podia ter chamado umas das meninas para virem comigo, mas preferi pegar um copo de champagnhe amigo e ir lá fora, mas antes que pudesse fazer algo, esbarrei com alguém e metade do champagnhe caiu no meu vestido e no terno de alguem de.... cabelo eminho e loiro.
Acho que meu olhar de assassina em potencial deve ter sido muito bom, pois ele logo começou a se desculpar em ingles e portugues e não sabia o que fazer e foi tão bonitinha a cara dele de FUDEU que a raiva passou logo.
- Tudo bem, eu limpo isso no banheiro ou dou um jeito - eu disse e dei o meu melhor sorriso. Ele estava acompanhado de um cara mais baixo e moço que perguntou o que havia acontecido e ele falo que não tinha sido nada.
No banheiro, secando o vestido fiquei pensando no fato que era tão estranho ficar perto dele, mas um estranho bom, como se nós já nos conhecessemos e fossemos amigos, ou alguma doidera dessas. Resolvi retocar a maquiagem com algumas coisas que o banheiro disponibilizava para os convidados e quando vi Infortúnia chegando com as suas primas e fofocando, era a deixa perfeita pra ir atras das minhas amigas, mas não pude deixar de ouvir ela falando algo tipo "... e ele já está no papo, quero ver só quem vai se meter..." e nunca fiquei com tanta dó de uma pessoa assim.
Quado cheguei no salão a banda do loirinho estava tocando Twist and Shout dos Beatles e algum velho bebado amigo do meu pai me puxou e começeu a dançar bem daquele jeito que a gente vê em filmes em preto e branco, e só pude ver Helena e Luiza rindo DE MIM igual duas dementes, mas nem liguei na verdade.
Quando a música terminou e o cara me soltou fui com elas beber uma tequila, e conversar pro dj colocar as músicas legais que tinha conversado com ele.
- Eu duvido a gente viar duas tequilas aqui e agoooora ! - disse Helena.
- Nunca duvide de mim - respondeu Luiza
- O que é que vocês estão esperando ??? - disse eu por fim.
Viramos aquelas desgraças de tequilas do inferno e subiu aquele calor do demonio e me senti mais a vontade, bem mais a vontade. E fui falar com o dj, que abriu a pista com Stereo Love. E fui dançar com elas. Carlos ficou conversando com alguém e deixou só nós, mulheres lindas e maravilhosas, dancarmos como loucas (e bêbadas)
Nisso, as duas olharam pra algo que esava atraz de mim, e foram embora sem falar nada. Na curiosidade, eu olhei pra traz e vi o tal menino loirinho segurando uma tulipa rosa, parado atraz de mim, e disse:
- Isso é por ter estragado seu vestido, mas você continua linda.
- Obrigada - e fui pegar a tulipa da mão dele, dai ele... ajeitou a tulipa no meu cabelo e pegou a minha mão e me conduziu pra algum lugar, que era um jardim. E tipo, eu nem sabia que tinha um jardim lá. Embora estivesse tudo escuro, consegui enchergar um banquinho e logo a frente uma pontezinha com aqueles laguinhos ridiculos de pequenos, mas que tinham o seu charme, ou eu estava ficando bebada. E isso era um probelma para um pobre rapaz como ele sozinho com uma tarada em potencial.
Resolvi sentar em um banquinho enquanto ele ficou encostado em uma estatua a um metro de distancia de mim, se alguém fosse er se tivesse alguém lá fora, só veria dois vultos no máximo.
- Qual é o seu nome ? - perguntei.
- Tom... Tom Fletcher, o seu eu já sei.
- O que mais você sabe sobre mim? - desafiei-o enquanto levantava e ia na direção dele.
- Sei que você não esta feliz, e estou preocupado com que vão falar de você se continuar bebendo tanto assim.
- Licença? Você veio aqui pra me dar uma bronca ou estou intendendo errado? - parei a meio caminho dele, e coloquei minhas mãos no quadril.
- Você fica maravilhosa quando você está brava, eu também sei isso sobre você.
E vindo em minha direção, diminuindo o espaço entre a gente, colocou uma mão no meu pescoço e a outra na minha cintura, e finalmente me beijou.




(continua...)

Um comentário:

  1. ameii amigaH tinha qe ser fruto dessa sua imaginação fertil!ti adoro amigaH bjuH ♥

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